sexta-feira, 20 de maio de 2011
A nossa Enfermeira
No dia da Enfermagem, li algumas homenagens à Florence Nightingale e fiquei curioso por sua rica história de vida. Comparei-a com a de uma pessoa que convivo desde os meus cinco anos de idade quando tive o infortúnio de levantar pela manhã e verificar a minha mãe “dormindo eternamente”. Fui cuidado imediatamente por sua prima que desde aquela época já chamava também de mãe.
Observava sempre que podia seus afazeres, acompanhava-a no seu trabalho em minhas férias escolares e lia com avidez seus livros técnicos que muitas vezes não entendia patavinas daqueles termos tão diferentes.
Ela era relativamente muito simples, realizava no domicílio do enfermo, diga-se nas casas dos moradores lá do morro em que morávamos, curativos , ministrava alguns medicamentos e cuidava da higiene consistida somente em atender as necessidades físicas do doente.
A população da época acreditava que os cuidados ministrados por aquela “enfermeira” eram melhores que os dos hospitais e muitas vezes a minha mãe chegava cansada dos plantões e tinha que atender a várias pessoas que a aguardavam já com os remédios, injeções e materiais de curativos. Minha mãe sempre acreditou que sua vocação para enfermagem provinha de um chamado divino, ela sempre foi muito determinada em suas decisões , tanto é que em plena época da ditadura militar, no fim dos anos 60 e começo da era “hippie” do paz e amor, ela havia adotado dois meninos : eu e meu irmão, sem ter um marido para dividir as responsabilidades da criação dos filhos. Minha história eu já contei rapidamente, mas a do meu irmão era diferente. Ela trabalhava na maternidade de Botafogo e cuidava de um bebê prematuro, pretinho e lindo que de todos chamava a atenção. Quando ele saiu da situação crítica e da incubadora, a mãe conseguiu fugir e o abandonou sem deixar nenhum contato. A adoção foi outro desafio, pois uma mulher solteira tinha muitas dificuldades de conseguir a guarda de uma criança naquela época, mas isto foi facilmente contornado por meu tio-avô – pai dela- que como militar das forças auxiliares (era Policial Militar reformado) conseguiu sem problemas resolver o caso adotando o menino como se fora seu.
Quando foi designado a trabalhar no Posto de Saúde da Rua Tonelero, ela se impôs a uma obrigação para com seus pacientes e até algumas vezes esquecia-se de cuidar dela mesma. Também possuía um lado afetuoso, característico da enfermagem, a humanização. Ela nunca deixava seus pacientes sozinhos. Estava sempre ao lado deles dando apoio e conforto. Conosco sempre tinha uma hora vaga para nos acompanhar nos estudos ou ir conosco no primeiro dia de aula. Nossa Florence tupiniquim era e ainda é um referencial, os médicos com quem ela trabalhou sempre ma elogiavam por sua conduta e hoje vejo que DEUS a colocou em minha vida para ter a oportunidade de poder relatar a outras pessoas que amar ao próximo é e sempre será o combustível eterno do amor divino.
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Parabéns Santinho Neto pela sua mãe e pelo dia comemorado a mesma.
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