segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A dor de um Pai


Quando Davi perdeu seus filhos em luta interna da sua família o nome que ele mais falava era dor no coração, uma dor que não se explica não se descreve não se quer pra ninguém. DEUS quando nos deu o Seu único filho mostrou toda a sua dor quando os céus tornaram-se enegrecidos como a noite e quando Jesus disse: - Está consumado! A dor foi tanta que o véu do templo se rasgou de alto a baixo o véu tinha mais ou menos 18 metros de altura e 12 cm de grossura e que cavalos puxando o véu dos dois lados não podiam parti-lo. A narrativa no livro de Êxodo nos ensina que esse grosso véu era feito de material azul, roxo e escarlate e de linho fino torcido. O véu era a barreira que separava o homem da presença de Deus, pois somente 1 vez ao ano, uma única pessoa (o sumo sacerdote) podia entrar no santíssimo lugar e oferecer sacrifícios a Deus. Esse sumo sacerdote representava o povo diante de Deus. E agora quem faz isso? Nós e nossos pais por nós.
Dor que não sai da cabeça, do coração, que persiste e insiste em não sair mesmo que atenuada pela saudade da ausência. Tentar explicar? Como diz a poesia de Brunna Luisa “E dói toda vez que me lembro dele, é como se fosse uma ferida ainda aberta, um hematoma permanente. E mesmo que seja uma dor quase mortal, não consigo evitar minha mente de sempre remoer o passado. E me pego pensando em todo esse tempo longe dele, que me fez morrer aos poucos, perdendo o meu sentido, dia após dia. Pego aquela velha caixa de recordações e abro sobre a mesa, as fotos já perderam o brilho, e algumas coisas não fazem mais sentido. E diante disso, a dor me corrói novamente, em pensar que as memórias são tão vivas só para mim. Quando a vida faz suas surpresas, e leva as pessoas que amamos, o mundo fica sem cor, e não há substitutos ou tintas coloridas que possam resolver o problema. É quase como se a sua alma tivesse partido junto, levando a leveza do ritmo das batidas do seu coração. Algumas pessoas não entendem e nunca vão entender. Mas prefiro que seja assim, não me importo, é complexo demais para ser explicado. Mas, posso garantir, que nem tudo se refere ao passado, as vezes é só o meu jeito exagerado de usar as palavras”
Lembro-me que meu avô sempre orava pela manhã ao se levantar e muitas das vezes o ouvíamos clamar em um sussurro por cada um de nós e era nome a nome até chegar ao mais novinho. que memória ! Pois eram 9 filhos naturais e 6 de criação , cada um com mais dois filhos em média. Quando perdemos nosso tio Aroldo Santos ele me fez ver o quanto a aliança de um casamento faz com que as famílias se unam. Durante o velório, ficou quieto em um canto e ali permaneceu até o ato de sepultamento, quando ao sairmos da capela ele disse com voz firme sem gritar: - Vão vocês, eu não vou enterrar meu filho, a dor é muito forte, prefiro ficar com a minha última imagem dele brincando lá em casa! Como eu compartilhava da mesma opinião fiquei quieto ao seu lado até que todos voltassem. Esta cena me marcou demais e até hoje não consigo ir a um enterro (inclusive não fui ao dele).

Tempos depois também perdemos o meu primo César; ele ficou do mesmo jeitão quieto que pensei estar tramando alguma vingança sozinho por ser ex-policial, logo desisti da ideia quando ele e a minha tia Marlene reuniu-nos em família e decretaram que não haveria retaliações para ninguém e que um abismo chama a outro abismo. Quando pensamos em amenizar estas dores, protagonizei a cena que me marcou para o resto de minha vida: Meu primo Aroldinho perdeu seu filho de maneira trágica que chocou toda a família: o menino cordato e gentil,que tinha diversas amizades,era um exemplo para sua irmã e um excelente amigo para seus pares foi ceifado violentamente e cruelmente como um qualquer. Bem de longe, estando a milhares de quilômetros do fato pude sentir no coração a dor da perda. Até escrever estas linhas me dói e as lágrimas brotam nos olhos, mas DEUS é o Consolador e está no comando de tudo ainda que não concordemos ou aceitemos. Meu primo me deu uma lição: Apesar da dor da perda, ele ainda teve forças para escrever ao assassino e PERDOOU-O.
DOR curada com o AMOR de JESUS no coração. Não tenho mais palavras para expressar tamanho sentimento.