segunda-feira, 3 de maio de 2010

LATA D'ÁGUA


A Bica estava cheia naquele dia O calor abafado de um dia de verão sem sol A quentura do chão, o vento que não batia As latas amontoavam-se na vez Coloridas, diversas, caracterizadas Falatório das lavadeiras, zum zum dos pequenos A boca fervilhando, o vapor 'tava bom Uma cangalha levava duas latas de vinte Uma porção a mais para encher o barril Enche a caixa, enche o barril, enche a lata E a cena que não sai da cabeça: - puxa, hoje tá quente pra burro O suor gotejante na testa, A escada para subir com as latas A cangalha doendo o pescoço A passada de mão pela testa A busca pelo “lenço” no bolso Os tiros do tresoitão escondido O sangue correndo do rosto furado O corpo estendido no chão escaldante A busca pelos pertences do “presunto” A corrida de medo escada abaixo Busca de um abrigo improvável As escadas virando pista O esbaforido do susto já no aconchego de casa - Cadê a lata? - Ficou no caminho.

Um comentário:

  1. JESUS AMADO!!!! VC TEM Q PUBLICAR SUAS POESIAS E CRÔNICAS! SÃO SIMPLESMENTE MARAVILHOSAS!!!! TÔ VIAJANDO NO "NOSSO" PASSADO,NA "NOSSA" INFÂNCIA!!!! OBRIGADA, SOBRINHO!!!!
    FELICITATIONS!!!!!!!

    ResponderExcluir