
O quimono estava pesado pelo suor da ansiedade e as gotas vertiam da testa escorrendo pelo rosto, pescoço e molhando o tecido, o olhar atento e a audição aguçada não deixaram as instruções do corner no vazio. O adversário julgou erradamente que isto era sinal de fraqueza e este foi um erro fatal e prepotente. A conversa ao pé do ouvido do sensei lhe devolveu a calma necessária. A concentração nos pontos falhos, a experiência transmitida pelo mestre, as aulas práticas, as longas conversas sobre os diversos assuntos, as indicações e dicas passam como um turbilhão em frações de segundos. Quando o sinal do juiz é dado o tatame se transforma em um verdadeiro ringue em que dois adversários se confrontam. Vence aquele que tem atitude, destreza, experiência, sorte conjugada com habilidade do encaixe de um golpe ou contra-golpe certeiro e ele não havia pensado nisto quando resolveu que a luta estava ganha por causa da sudorese. Quando o contragolpe veio, o ar começou a faltar, a possibilidade de sair da imobilização era nula, a única solução foi bater nas costas e reconhecer que havia errado em seu prognóstico. O novo campeão estava mais do que preparado, ele vencera o maior de todos os adversários: o medo de si mesmo. O ringue voltava a ser tatame, os adversários companheiros de luta e os professores em mestres.
Ao Sensei Álvaro Barreto
ResponderExcluirLembrança da minha primeira luta.