sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

FOGO!



Quando alguém gritou a notícia foi igual à rastilho, rapidinho tinha um monte de curiosos procurando de onde viera o grito. Era dona de casa de baby-doll feito de camisa de político, era ninfeta de shortinho aguçando a libido dos coroas, era marido com cara de sono chateado por ter sido acordado no meio da noite, era menino curioso se metendo no meio dos adultos e perguntando o que estava acontecendo, enfim bagunça geral. O fogo havia sido iniciado na casa da Nenê Pomba que, depois de ter tomado todas e mais algumas, dormira com uma vela acesa em cima da máquina de lavar roupa porque a sua energia fora cortada por motivos óbvios: falta de pagamento. A vela caíra em cima das roupas que seriam lavadas no dia seguinte, estas queimaram a máquina, que queimou a mesa da sala, que tinha outras roupas limpas esperando para passar, que queimaram uma parte do teto, que se alastrou para a cozinha e queimou o armário de comida, que queimou a frigideira cheia de óleo das batatas fritas dois dias antes, que queimou a mangueira da botija de gás que por sua vez lançou as labaredas de volta ao teto e este juntou-se ao do vizinho que ao sentir o cheiro de fumaça deu o aviso. O corre-corre era geral e o pessoal muito preocupado com a Nenê Pomba foi até lá e viram a coitada jogada em cima da cama sem nenhum esboço de reação. O Joca do Tiziu foi o primeiro a entrar no barraco, seguido pelo Mario Barata; ambos eram estivadores e tinham acabado de chegar na favela quando ouviram o grito. O Joca pegou a bêbada pelos pés e o Mário pelas mãos e lá se foram porta afora cheios de fumaça e rezando para nenhuma perna manca lhes cair na cabeça. Os baldes de água vinham sabe lá Deus de onde, a corrente foi formada tão rápido que quando os bombeiro chegaram só tiveram tempo para o rescaldo. A Nenê , desolada num canto, só falava no barraco que perdera, os vizinhos na sorte do fogo não ter se alastrado mais e os bombeiros por mais uma ocorrência com perdas somente materiais e de nenhuma vida. A favela respirava mais aliviada pelo susto e na cabeça de todo mundo só se passavam as dicas que o Tenente havia dado pela televisão em caso de incêndio nas favelas daquela periferia da cidade. Assunto para televisão e jornal da internet foi logo esquecido pelo sumiço de uma moça raptada na saída de seu prédio. Mas isso já é outra história...

Um comentário:

  1. NÃO VOU TE ENGANAR MEU SOBRINHO...VC é OTIMO CARA! PQ AINDA NENHUM JORNAL IMPORTANTE NAO TE DESCOBRIU?! VC MERECE UM ESPAçO PARA ESCREVER SUAS BELAS CRÔNICAS! FALA SéRIO MEU! SÓ PODIA SER SOBREEEEIRAAAAA!!! COMO SE DIZ EM FRANCÊS: "JE SUIS TRÈS FIÈRE DE TOI, MON CHÉRI! QUE DIEU TE BÉNISSE!" GROS BISOUS! TIA MAURI

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